Autoras

Ana Paula e Monique, alunas da turma de Letras, no 4º Semestre da Faculdade Anhanguera de Indaiatuba, supervisionadas pela Prof.ª Dr.ª Maria Gorete Neto.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Etapa 01 - Biografia

José Bento Renato Monteiro Lobato nasceu em Taubaté, em 18 de Abril de 1882. Teve uma infância confortável e tranquila, brincando com as primas na Chácara do Visconde, seu avô materno, e passando tardes na biblioteca da cidade, também posse do Visconde de Tremembé, que sem dúvida serviu de calçamento para a jornada criativa e social que iria trilhar.

Entre quinze e dezesseis anos, perdeu os pais e ficou sob responsabilidade do avô. Estudou na capital paulista e lá publicou seus primeiros textos no jornal estudantil “O Guarany”.

No momento de decidir sua carreira, abdicou de seu desejo em tornar-se estudante da Escola de Belas Artes e pintor para formar-se naquilo que seu avô achava adequando: o Direito. Freqüentou a Faculdade do Largo do São Francisco. Durante essa época, contribuiu com jornais das cidades vizinhas e publicações de alunos. Participou e venceu um concurso literário do Centro Acadêmico XI de Agosto. Durante seus estudos, conheceu o trabalho de Nietzsche, que influenciou seu modo de pensar.

Voltou a Taubaté, onde continuou escrevendo. Lá conheceu Purezinha, por quem se apaixonou perdidamente. Usando sua prática literária, publicou poemas no jornal em homenagem a ela, conquistando-a. Casaram-se em 28 de Março de 1908.

Fundou com um companheiro de república o “Minarete”, jornal de Pindamonhangaba.

Logo depois, foi nomeado promotor público em Areias, cidade próxima, e mudou-se para lá. Seguiu com suas publicações, enviou ilustrações e caricaturas para a revista Fon-fon e começou a traduzir artigos para o jornal O Estado de São Paulo.

Em 1911 faleceu seu avô e ele herdou a Fazenda Buquira, onde foi morar com a esposa e seus dois filhos. Então fazendeiro, decidiu modernizar a forma de se fazer agricultura em sua propriedade, investindo em novas tecnologias e buscando aumentar o lucro da fazenda. Ao escrever o artigo “Uma velha praga”, denunciando as queimadas da região, e publicá-lo no Estado de S. Paulo, Monteiro Lobato causou polêmica pelo país e recebeu atenção dos editores do jornal. Criou então o Jeca Tatu e redigiu os textos de “Urupês”, publicados também no Estado de S. Paulo.

Ao criar Jeca Tatu, um anti-caipira quando comparado à idéia da literatura romântica, fez séria crítica à situação do trabalhador rural brasileiro da época, o que também trouxe polêmica ao país. Seu pensamento político e sua gana por melhoria sempre foi evidente em seus trabalhos.

Interessado em criar uma literatura que fosse genuinamente brasileira, promoveu uma pesquisa à respeito do Saci, valorizando assim o folclore nacional, da onde surgiu a obra “O Saci Pererê: resultado de um inquérito”. Também registrou os fatos durante a grande geada de 1918.

Teceu o comentário “Paranóia ou Mistificação”, sobre a obra de Anita Malfatti que acabou provocando o acontecimento da Semana de Arte Moderna de 1922. Sua busca pela criação de arte nacional foi o que o levou escrever a crítica à obra da pintora, incomodado com a forte influência estrangeira nos trabalhos dela.

Vendeu a Fazenda Buquira e mudou-se para a capital. Com o dinheiro conseguido, comprou a Revista do Brasil, onde deu oportunidade a jovens escritores. Durante este tempo, contribuiu com diversos periódicos, sempre escrevendo para o Estado de S. Paulo.

Com a prosperidade da Revista Brasil, Lobato ampliou seus negócios editoriais, tratando a atividade com bastante cuidado, produzindo publicações atraentes de ótima qualidade. Inovou a forma vender e de distribuir os livros pelo país e logo fundou a Editora Monteiro Lobato & Cia. Publicou “Urupês” através de sua editora e logo depois “Cidades Mortas” e “Idéias de Jeca Tatu”. Importou dos Estados Unidos máquinas para suprir a grande demanda de publicações.

Ainda nesse período, publicou “Negrinha” e sua primeira obra infanto-juvenil “A Menina do Narizinho Arrebitado”, lançado no Natal de 1920, com capa ilustrada por Voltolino. Quinhentos volumes do livro foram distribuídos gratuitamente nas escolas no ano seguinte, algo inédito na indústria editoral. O sucesso foi instantâneo e novos episódios da vida no Sítio do Pica-Pau Amarelo foram publicados depois.

Ao escrever as histórias do Sítio, Lobato buscava outra vez valorizar a cultura brasileira ao mesmo tempo em que ensinava às crianças valores sociais e noções de matemática, história, geografia e literatura universal, tornando-se autor pioneiro em livros paradidáticos.

O Sítio do Pica-Pau Amarelo também é uma pintura de como Lobato desejava que fosse o Brasil e está preenchido dos valores nacionalistas e políticos do autor.

Devido à grave seca, que inviabilizou o fornecimento de energia elétrica, e a desvalorização da moeda, sua editora entrou em muitas dívidas e faliu em 1925.

Logo após o fechamento desta, Lobato mudou-se para o Rio de Janeiro e lá abriu a Companhia Editora Nacional em sociedade com Octalles Marcondes Ferreira, publicando através dela uma grande variedade de livros em ótima qualidade. Admirador de Henry Ford, estudou e publicou traduções de artigos à respeito. Escreveu nessa época também “O choque das raças”, publicado em A Manhã.

Tornou-se adido comercial brasileiro em Nova York no ano de 1927, visto a carta que enviou ao presidente Washington Luís defendendo interesses da indústria editorial. No período em que viveu nos Estados Unidos, acompanhou todas as inovações para que pudesse implantá-las no Brasil, principalmente no que dizia respeito à exploração de petróleo e ferro.

Com a crise de 1929, Monteiro Lobato perdeu tudo que tinha aplicado na Bolsa de Valores de Nova York e precisou vender sua editora. Retornou ao Brasil em 1931, onde apoiou a candidatura de Júlio Prestes, crente de que a política deste pudesse trazer ao Brasil toda a modernidade e riqueza observada nos Estados Unidos.

Entretanto, com a tomada de poder por Getúlio Vargas, nenhum de seus ideais se concretizou, e passou a se ocupar na exploração de petróleo. Para isso fundou várias empresa de perfuração, a maior de todas sendo a Companhia Matogrossense de Petróleo, atuando na fronteira com a Bolívia. Sua luta pela extração de petróleo ia contra os interesses nacionais, o que lhe causou muitas dificuldades.

Embora tenha concentrado a maior parte de seu tempo à empreitada petrolífera, seguiu escrevendo e traduzindo obras importantes. Ao ingressar na Academia Paulista de Letras, publicou “O Escândalo do Petróleo” contendo forte crítica ao governo Vargas, que alcançou grande sucesso entre os leitores, mas foi proibida pelo governo, que mandou que fossem recolhidas todas as edições do dossiê.

Monteiro Lobato escreveu diversas cartas ao presidente e uma delas o levou à prisão em 1941, mas uma campanha feita por amigos intelectuais conseguiu que ele fosse libertado depois de três meses de cárcere. Apesar de livre, Lobato nunca mais teve tranquilidade para publicar suas idéias e mesmo uma tradução sua de Peter Pan foi proibida pela censura.

Os anos finais da vida de Monteiro Lobato foram difíceis. Enfrentando a perseguição do governo, sofreu o processo de liquidação das empresas que fundou e a morte de seu filho Edgar. Teve contato com comunistas, embora não tenha aceitado o convite para fazer parte da banca de candidatos. Lançou suas Obras Completas através da Editora Brasiliense, da qual se tornou sócio, e depois partiu para Buenos Aires em 1945.

Por não se adaptar ao clima local, retornou ao Brasil dois anos depois e encontrou o país arrasado pelo governo Dutra, que o fez tomar Jeca Tatu e atualizar sua roupagem para que se tornasse Zé Brasil, para criticar e protestar a situação presente.

No ano de 1948, faleceu em 4 de Julho, às quatro da manhã, após um espasmo cerebral. Tinha sessenta e seis anos de idade. Seu corpo foi velado na Biblioteca Nacional e sepultado no Cemitério da Consolação.

Em 2018, sua morte completará setenta anos e sua obra se tornará domínio publico.

Monteiro Lobato era um homem com grande gama de interesses, sobretudo artísticos e políticos, e muito contribuiu com seus escritos. Foi capaz de escrever livros interessantes para crianças, para adultos e para ambos de uma vez. Uma geração toda cresceu lendo suas páginas, entrando em contato com os valores que ele prezava.

Atento ao momento presente e empreendedor, acreditava no potencial do Brasil e lutava pelo povo comum e seus direitos através de suas letras. Era fiel ao que acreditava e destemido, nunca deixando obscura sua posição política ou sua opinião. Ao mesmo tempo, era sensível artista plástico, respeitado crítico de arte e fotógrafo.

Por mais diversas que sejam as opiniões à respeito do trabalho do escritor, editor e jornalista Monteiro Lobato, sem dúvida sua obra contribuiu muito à cultura e à literatura nacional. Foi por amor ao país que ele produziu cada texto.

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